A Família tem que crescer.

Ou uma pessoa que acredita ser capaz de fazer qualquer coisa, realizar qualquer sonho, e tenho ao meu lado um companheiro que faz de tudo para que eu continue acreditando nisso. Depois de três anos casados (e muitos outros namorando), resolvemos que era hora de termos mais um membro na família e, assim, tirei o DIU, esperando estar grávida no mês seguinte. 

Com seis meses de tentativas comecei a ficar frustrada, procurei uma ginecologista e fiz diversos exames hormonais... nenhuma alteração. A ginecologista sugeriu continuar tentando, pois, a espera de até um ano era normal. Assim eu fiz. comecei a contar dias, medir temperatura, ficar com as pernas para cima após ter relações e a cada mês, lá estava ela, a tal menstruação.

Voltei na médica que me pediu uma histerossalpingografia, onde foi detectado que eu tinha a trompa direita obstruída. Meu marido também fez um espermograma comum, onde não foi encontrada nenhuma alteração digna de nota. A médica me animou, dizendo que poderia ser mais difícil, mas por causa da obstrução tubária não seria impossível engravidar.

Tentei mais uns meses, sempre fazendo contas, até que desisti de ficar frustrada. Era nesses meses que eu me desligava da gravidez que ela, ela mesmo, a tal menstruação, atrasava... após atrasos de 8-10 dias, lá ia eu até a farmácia para comprar aqueles testes... negativos, sempre! E como que a espetar uma ferida, a menstruação chegava no dia seguinte. A médica me passou medicação para estimular a ovulação e, mais uma vez, a esperança crescia, mas depois de 4 meses, nada... Não tinha muito mais o que fazer, já que morava no interior e os recursos eram escassos.

Simplesmente deixei para lá, sempre com uma chaminha lá no fundo do coração de que no próximo mês aconteceria. Em fevereiro de 2010 nos mudamos para Aracaju e meu marido imediatamente procurou uma clínica de fertilidade. Fomos para consulta e o médico pediu todos os exames hormonais novamente e um exame mais especifico para ver os espermatozoides do meu marido.

Nesse exame foi detectado que a viabilidade dos espermatozoides dele era muito baixa, mesmo assim o médico indicou uma inseminação artificial. Lá fomos nós dois começar o tratamento. Injeções na barriga, ultrassonografias para ver o crescimento dos folículos, tudo certinho. Dia da inseminação. Dessa vez não poderia dar errado. O médico deixou claro que o nosso problema era facilmente contornável com a inseminação, que nossas chances eram boas, já que haviam crescido 3 folículos no ovário esquerdo, o que não tinha a passagem obstruída.

Fui para casa e então esperei os tão longos 14 dias para fazer o B-HCG... Negativo! Foi a primeira vez que eu realmente chorei, e muito. Algo que era para ser simples havia se transformado em mais de 2 anos de decepções. Ninguém sabia que nós estávamos tentando engravidar e, cada vez mais, as perguntas dos amigos e parentes, pelo filho que não vinha, ficavam mais difíceis de desviar: "Vamos tentar o ano que vem", "Deixa eu terminar de mobiliar a casa", "Esse ano eu estou querendo fazer o curso tal"... sabe quando você está com o dedo mindinho do pé machucado e parece que toda vez a gente bate nele, pois é, a diferença é que a ferida é no seu coração.

Meu marido, vendo a minha decepção, resolveu ligar na mesma hora para a outra clínica de fertilidade de Aracaju. Eu na verdade não queria achei que seria a mesma coisa. Que diferença poderia haver? Ele insistiu, marcou uma consulta na Fertilità, e foi assim que conhecemos Dra. Andréa, essa pessoa maravilhosa que, com competência e um carisma enorme, juntamente com Dr. luri, nos orientou a fazermos uma ICSl, pois com a viabilidade espermática do meu marido e a minha obstrução tubária, nem uma FIV ela recomendava, muito menos uma IA.

Começamos todo o procedimento, novamente injeções e ultrassonografias. Dessa vez a esperança explodia dentro do meu peito, contrastando com o medo de estarmos no último recurso para uma gravidez. Quando os 3 embriões foram implantados, eu não queria nem andar direito, para que pelo menos um deles ficasse agarrado com unhas e dentes na parede do meu útero.

E os 14 dias de espera pelo B-HCG... na saída do laboratório, encontramos Fernanda, a assistente de Dra. Andréa, também uma pessoa extremamente atenciosa, que nos informou que antes das 10hs daquele mesmo dia Dra. Andréa nos ligaria. Quando chegou o horário e não havia ainda ligação, eu telefonei para a Fertilitá. Dra. Andréa estava em consulta e ao fundo eu ouvia Fernanda falar: "Ela ainda não sabe o resultado?". E depois me falando que a doutora me ligaria assim que terminasse o atendimento.

Quase comecei a chorar nesse mesmo instante, se Dra. Andréa precisava falar pessoalmente comigo, era porque o resultado não tinha sido positivo. E foi com choro que eu recebi a ligação, um choro esperado por 2 anos e meio. O nosso positivo finalmente tinha chegado. E como eu disse no início, somos capazes de realizar qualquer sonho... meu presente não poderia ser maior: minha filhotinha nasceu no dia do meu aniversário! E daqui a um ano, Dra. Andréa e Dr. luri estarão novamente nos ajudando a realizar outro sonho, afinal a família tem que crescer!